quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

 

Vale dos pavões

Paulo Barros (janeiro, 2024)

 

Era inverno,

mas havia sol,

céu azul.

Caminhávamos silenciosamente

por um vale verde.

O silencio era ocasionalmente interrompido

pelo som de minúsculas quedas d´água,

gorjeios de bulbul,

voos de pavões,

bruscos movimentos de búfalos curiosos.

O guia, vestido de branco

e usando um turbante rajasthani,

por vezes quebrava o silêncio

com o som de sua flauta de bambu,

adornada com uma pena de pavão,

tal qual a de Krishna.

Outras vezes, com penetrantes toques

no seu sino tibetano

ou sopros ecoantes na concha que trazia em seu embornal,

estampado com o mantra om shanti.

Aqueles sons e silêncios ecoavam nas montanhas

e nos conduziam à profunda introspecção.

Naquele estado de quietude,

margeávamos um riacho de águas límpidas,

refazendo caminhos,

reconectando-nos à paz,

recomeçando a voar,

dançando com o sol.

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