segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

 Janeiro

             

Naquela tarde de janeiro

o sol brilhava no planalto central do país.

Subiam a ribalta

o Brasil feliz

diverso,

inclassificável,

esperançoso.

Esquecíamos, por um lapso,

o ódio,

a aprofobia,

o racismo,

a misoginia

e outras fobias que haviam regido a nação,

por quase infindos quatro anos.

Ríamos.

Era realidade ou utopia?

De certo, não sabíamos. 

Mas havíamos, definitivamente, demitido o iníquo.

Um país multicultural repintava a bandeira.

O Brasil voltava a ser dono de si mesmo.


[Salvador, 01.01.2023]

Caminhos das montanhas

[Para Julie e Leslie]


Uso o tempo, o espaço e a imaginação

para compor meus caminhos.

Os sentidos para identificar

coisas claras e obscuras

que adormecem em nichos despercebidos.

Para penetrá-los,

torno-me água que corre entre pedras, no seio da terra,

nas nuvens e nos rios que fluem para o mar.

Faço-me luz que clareia, colore e acalora vidas e sonhos.

Moldo-me e lapido-me como o vento

entre rochas, nuvens, rios e florestas.

Sereno-me, metamorfoseando-me em um ponto de sol

e doo pensamentos com beleza de arco-íris

e leveza de brisa.

Dou cada passo com  firmeza, cuidado e destreza,

descobrindo trilhas de cristais,

a virtude da paz,

um jardim lilás.

Os sentidos compõem a poesia do viver

com som de rios,

beleza de montanhas,

banho de cachoeira,

odor floreal,

sabor de fruta silvestre,

e silêncio, 

que faz a alma voar ao sol.


[Chapada Diamantina, dezembro 2022]





 

Divindade

 

Ah, essa intuição,

 é deveras uma certeza.

Um sentimento genuíno,

que no futuro

serei uma divindade menino,

brincando sob o sol.