terça-feira, 9 de julho de 2024
quinta-feira, 11 de abril de 2024
Quietude
Oh borboleta aurinegra,
o que me dizes?
Estais pronta para o silêncio?
Eu?
Estou com as palmas das mãos abertas ao sol,
plantas dos pés abertas ao solo,
asas da mente abertas ao céu.
Ah!
Também quero silêncio,
mas agora não consigo voar.
Sim, posso arrancar meus pés do chão.
Vamos!
Voa dessa alva e doce flor
que eu me faço alado.
Leva-me contigo,
e em quietude,
eu, tu e o sol nos tornaremos crisálidas.
.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024
Vale
dos pavões
Paulo Barros (janeiro,
2024)
Era inverno,
mas havia sol,
céu azul.
Caminhávamos silenciosamente
por um vale verde.
O silencio era
ocasionalmente interrompido
pelo som de minúsculas
quedas d´água,
gorjeios de bulbul,
voos de pavões,
bruscos movimentos de
búfalos curiosos.
O guia, vestido de branco
e usando um turbante rajasthani,
por vezes quebrava o
silêncio
com o som de sua flauta de
bambu,
adornada com uma pena de
pavão,
tal qual a de Krishna.
Outras vezes, com
penetrantes toques
no seu sino tibetano
ou sopros ecoantes na concha
que trazia em seu embornal,
estampado com o mantra om
shanti.
Aqueles sons e silêncios ecoavam nas montanhas
e nos conduziam à profunda introspecção.
Naquele estado de quietude,
margeávamos um riacho de águas límpidas,
refazendo caminhos,
reconectando-nos à paz,
recomeçando a voar,
dançando com o sol.