Vale
dos pavões
Paulo Barros (janeiro,
2024)
Era inverno,
mas havia sol,
céu azul.
Caminhávamos silenciosamente
por um vale verde.
O silencio era
ocasionalmente interrompido
pelo som de minúsculas
quedas d´água,
gorjeios de bulbul,
voos de pavões,
bruscos movimentos de
búfalos curiosos.
O guia, vestido de branco
e usando um turbante rajasthani,
por vezes quebrava o
silêncio
com o som de sua flauta de
bambu,
adornada com uma pena de
pavão,
tal qual a de Krishna.
Outras vezes, com
penetrantes toques
no seu sino tibetano
ou sopros ecoantes na concha
que trazia em seu embornal,
estampado com o mantra om
shanti.
Aqueles sons e silêncios ecoavam nas montanhas
e nos conduziam à profunda introspecção.
Naquele estado de quietude,
margeávamos um riacho de águas límpidas,
refazendo caminhos,
reconectando-nos à paz,
recomeçando a voar,
dançando com o sol.